LAGOA RODRIGO DE FREITAS
Muita leviandade tem sido proferida sobre a lagoa Rodrigo de
Freitas. Recentemente, ao ser entrevistado, um cidadão disse pensar que
mortandade de peixes era coisa do passado. Sem querer acertou. Embora muito
antes já acontecesse, o primeiro registro oficial data de 1645. Isto faz parte
daquele nicho ecológico. Todas as lagoas são pacientes terminais, com tendência,
pela própria natureza, a se transformarem em meandros dos rios que as formam.
Impedir que isso aconteça e modificar uma condição natural, somente com muito
recurso investido, como em um paciente na UTI de um hospital. Ninguém pode
negar que esses investimentos e preocupação não estão sendo priorizados. Estou
chegando aos 59 anos e, desde criança, quando morriam peixes na Lagoa, meu avô
que nasceu em 1889 e lá foi criado, sempre repetia – “Quando a prata fica preta
vai morrer peixe na Lagoa”. Os antigos moradores sabiam que esses “fenômenos” (gases
liberados na atmosfera pela composição do fundo da
lagoa e que oxidavam a prata) fazem
parte daquele nicho.Cabe perguntar em
quem era colocada a culpa, quando nada havia na região e não existia poluição
de origem antrópica? Alguns falam que Ipanema (y-panema
- onde entre os significados estão - água ruim, suja) tem esse nome devido a
Lagoa, mas poucos sabem que na realidade o nome é uma homenagem ao Conde de
Ipanema, pai do loteador que urbanizou o bairro e cujo título tem origem em um
afluente do rio Sorocaba na Serra de Araçoiaba em São
Paulo. Infelizmente, o grasnar dos corvos que vivem procurando espaço na mídia,
com discursos apocalípticos e ameaçadores, desinformam mais do que educam, mas
esses, no fundo, a maior parte das vezes, não passam de meros “jardineiros de
mangue”.
Flavio de Carvalho